#1: Como, logo escrevo
Planos gastronômicos para 2023, obcecação do momento, onde fui feliz em dezembro de 2022 e a minha Paris, repleta de glúten, lactose e gordura
O melhor lugar do mundo é aqui e agora
Acordo, penso; como, penso; escrevo, penso; começo.
Acordo. Ouço Gil. Passo um café, mexo um ovo. Torro um pão. Penso: de fato, o melhor lugar do mundo é aqui [minha cozinha] e agora [2 de janeiro de 2023]. Como de pé. Sigo com fome e tem panetone na minha frente, então requento na sanduicheira. Fico saciada e feliz. Sigo para a sala, abro o notebook, pego o caderninho. Começo a escrever este texto, postergado por tanto tempo.
Fito o olho na tela. Finalmente escrevo. E penso que, para 2023 ser um constante de “o melhor lugar do mundo é aqui e agora” preciso traçar metas. É um clichê de ano novo que adoro. Aqui, falarei apenas do que espero da minha vida gastronômica em 2023 – e que depende puramente de mim, e não dos outros.
Eu espero…
Explorar mais a culinária dos países da Ásia Oriental;
Aprender a cozinhar melhor;
Usar muito a máquina de macarrão que ganhei das amigas – e convidá-las para comer;
Conhecer mais a fundo a gastronomia brasileira;
Voltar a Buenos Aires e a sua cena gastronômica, que parece fascinante;
Aumentar o consumo de pequenos produtores no dia a dia;
Escutar mais pessoas da área;
Viajar para destinos inusitados e conhecer culturas por meio de suas comidas;
Gil já não toca mais. E eu, então, escrevo outra coisa….
Obcecação do mês: Shisô
Verdinho ou roxinho e sempre de personalidade forte. A pesquisa rápida do Google me contou que é uma planta rica em nutrientes (cálcio, ferro e potássio), além de anti-inflamatória e antioxidante – e, mesmo se não fosse, seguiria a ode ao shisô.
Você, provavelmente, já comeu em restaurantes japoneses, arrisco dizer no “Atum/salmão Shisô Tartar”, que consiste na folha do shisô frita (estilo tempurá) com tartar do peixe por cima; ou em niguiris, eu, por exemplo, não esqueceço de um que comi, de linguado com shisô, feito pelo Vaz, sushiman do Sushi Vaz, em um jantar especial na Mega Sake (loja com curadoria impecável de sakes, nos Jardins) no último mês de novembro. Mas, considerando apenas a culinária japonesa, há muito mais uso para tal: umeboshi (ameixa fermentada), temaki, e também pode substituir a alga, por exemplo, no oniguiri…
Talvez eu esteja atrasada no meu amor por PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) mas nunca é tarde para eleger uma para amar e consumir até enjoar. E aí que mora o problema: tive a grata surpresa – ou ingrata, se eu estragar tudo – de encontrar no Gaivota (mercadinho-tentação, em Pinheiros) shisô fresco. Perfeito, disposto em um pedaço de isopor, bem roxinho. Por sorte, neste dia, quem cozinhou era de fato profissional, e fez um tirashi reinventado, de atum com arroz frito. Deu muito certo.
O problema é: sobrou. E aí passei a me aventurar. Sanduíche de atum cru com shisô, deu certo. Salada com shisô picado bem rústico e ricota, médio certo. A próxima tentativa é o drink caseiro, mas, para isso, preciso ir no Gaivota mais uma vez e talvez eu eleja um novo ingrediente para ficar obcecada antes disso acontecer. Sim, as paixões são levianas.
Ah, e se esse texto te deixou com FOMS (Fear Of Missing Shisô), segue um pequeno serviço:
Gaivota – para os aventureiros que nem eu
Rua Cunha Gago, 359
Kan Suke – tempurá de shisô com tuna
Rua Manoel da Nobrega, 76, loja 12
Sushi Vaz – niguiri com folha de shisô
Alameda Santos, 2528 B
Hirá Ramen Izakaya – drink com shisô, nunca tomei, mas confio no paladar de quem adora
Rua Fradique Coutinho, 1240
Gratas surpresas de dezembro de 2022
Sem muita enrolação, falarei de três lugares (alguns novos, outros nem tanto) que me deixaram muito feliz no último mês do ano passado
Trilha Fermentaria
Ambiente gostoso, amplo, com as ótimas cervejas da Trilha junto ao menu da Gabriela Guerriero, que está no comando da cozinha. As pizzas são criativas (como a Shak, que é a marinara com coalhada e gema com especiarias) e as massas são feitas com uso de levedura de cerveja. Outra ótima pedida é a lula selada com azeitonas, assim como a sobremesa de figos, batizada de “A Sobremesa da Gabi”.
Quincho
É um restaurante vegetariano, que também tem opções veganas. Recentemente mudou de casa, mas segue na Rua Mourato Coelho (Vila Madalena). Comece pela beterraba ao forno com creme de macadâmias e alcaparras fritas, siga com a tarte tatin de cebolas e finalize com as sobremesas do chef Rafael Aoki, as quais são equilibradas, pouco doces e bem criativas.
Pato Rei
Já era quase 2023 quando finalmente fui ao Pato Rei, unidade de Pinheiros (também existe a da Berrini). O café japonês serve brunch, almoço e comidinhas. O okonomiyaki (panqueca japonesa) é para querer voltar muitas e muitas vezes.
Em Paris, a dieta ideal: queijo e pão
O último texto da primeira newsletter contém uma confissão: o único motivo que Paris me faz falta, agora, é por suas Fromageries e Boulangeries.
Vi muita gente que sigo no Instagram recentemente na capital francesa. Vi chuva, vi balada, vi restaurante, vi comida, vi vinho, vi lugares que gosto, vi lugares que não gosto. Sempre dá saudades. Mas, por sorte, não vi os queijos que amo e também os pães – não que eu queira guardá-los para mim, mas assumo que seria pior assistir e não poder comer.
E como já comi muito por lá, e já comi muito errado também, pois é a lei, toda cidade turística reserva boas ciladas que, depois que passam, viram risadas, aproveito para compartilhar dois mapas meus, do Google Maps: Boulangeries Paris e Fromageries Paris.
Na sequência, três perfis que possuem as melhores dicas da cidade, que vão além da gastronomia:
Se você chegou até aqui, muito obrigada! Espero que tenha gostado da primeira news “Como, logo escrevo”. Para comentários, sugestões, dúvidas, ou até para me convidar para comer com você, meus canais são o e-mail (giuliodice@hotmail.com) e Instagram @giuliannaiodice